A palavra homofobia significa repulsa ou preconceito contra a homossexualidade ou o homossexual (homo= igual / fobia: medo, repulsa, antipatia). Ou seja, a homofobia caracteriza-se por uma repugnância extrema que o indivíduo possui em relação à homossexualidade. A parte “fobia” da palavra denomina um “medo irracional”, gerando discussões sobre o termo, que não se resume de fato em origens irracionais para essa aversão.
A homofobia gera atitudes que colocam o homossexual em condições de anormalidade, aberração e inferioridade perante o heterossexual, que é visto pelo homofóbico como a única forma padrão de expressão da sexualidade humana. Porém, tanto a heterossexualidade e a homossexualidade são identidades sexuais que devem ser respeitadas e legitimadas.
Ao longo da história o conceito de homossexualidade teve diversas variações. Na Antiguidade, por exemplo, não havia necessidade de existir esse conceito, porque a homossexualidade era considerada como parte constituinte da sociedade, ora, natural. Por muito tempo perdurou-se assim, até que o Cristianismo apareceu com outros valores que foram fortemente agarrados. O sexo passou a ser apenas para a multiplicação da espécie (“Crescei e multiplicai-vos!”). Portanto, o homossexualismo, que não gerava filhos, passou a ser considerado como antinatural e “coisa do capeta”, pecado que merecia uma penitência mortal.
A homofobia tem estado muito em pauta ultimamente, principalmente nos meios de comunicação, como origem de diversos tipos de violência, seja verbal ou física. Não é raro vermos notícias como “Homossexual é agredido em boate”. Para entendermos como o assunto é encarado, entrevistamos os “dois lados da moeda”: o agressor e a vítima.
Entrevistamos duas pessoas sobre o tema para entender um pouco mais sobre como as pessoas pensam a respeito:
Entrevista 1: Alexandre, homossexual
A homofobia é um assunto que tem sido muito abordado ultimamente nos meios de comunicação. Qual a sua opinião sobre o tema?
– Não sei o que se passa na cabeça dos homofóbicos para agirem assim. Não entendo o porquê. Acho que eles são os homossexuais que não se aceitam.
Qual (is) seriam os motivos determinantes na conduta homofóbica? Ou seja, o que levaria uma pessoa se tornar homofóbica?
-Como eu já disse, acho eu, que a maioria deles é gay enrustido. Se eles se aceitassem, seria melhor para eles e para nós. Não se aceitar é uma coisa horrível.
Quais seriam as formas para trabalhar com esse preconceito? De que forma a sociedade poderia se conscientizar sobre as consequências de condutas preconceituosas, como a violência e o sofrimento das pessoas envolvidas?
-Primeiramente os homofóbicos precisariam se aceitar. Não estou dizendo que todos são gays, mas, sendo ou não, as pessoas precisam se educar (ou serem educadas) para o respeito: que é bom e todo mundo gosta.
Você já presenciou ou vivenciou atitudes homofóbicas? Fale a respeito.
– Já presenciei. Eu e meu amigo estávamos saindo do shopping e eu o avisei que ali era uma “área perigosa”. Uma quadra depois, um cara chegou e disse para meu amigo “O que você “tá” olhando errado, sua bichinha?”, e aí veio para cima querendo agredir. Ele ficou branco e eu também. Não aconteceu mais nada, acho porque tinha mais gente na rua.
Entrevista 2: Fernanda – homofóbica
Quando você percebeu que é homofóbica?
– Quando vi um casal de gays pela primeira vez, há mais ou menos dois anos atrás.
Qual foi sua reação? Por que isso te incomodou?
– Fiquei assustada, pois não é algo que tenho no meu dia a dia e o fato de ter me incomodado foi por eles estarem em público, o que não concordo.
Você já teve uma reação drástica ao ver uma cena dessas?
– Já ocorreu sim, porque é algo que não aceito e acabei desrespeitando-os.
Se você achou que foi um desrespeito, você aceita a opção sexual deles?
– Foi desrespeito, pois os ofendi. Mas nada no mundo muda minha opinião de ser contra.
E o que você faria se tivesse um filho gay?
-Não gosto nem de pensar nessa hipótese, e nem sei o que eu faria, ia ser a maior decepção da minha vida.
Muitos consideram a opção sexual como uma doença, o que você pensa sobre isso?
– Acredito que possa ser um problema psicológico, por algum acontecimento ou má educação da família.
Então você acha que há uma cura ou tratamento?
– Acredito que sim, já vi casos que tiveram curas.
Fica para reflexão o trecho do livro “Born to Be Gay – História da Homossexualidade” de William Naphy, diretor do colégio de Teologia, História e Filosofia da Universidade de Aberdeen, Reino Unido: “Em toda a história e em todo o mundo a homossexualidade tem sido um componente da vida humana. Nesse sentido, não pode ser considerada antinatural ou anormal. Não há dúvida de que a homossexualidade é e sempre foi menos comum do que a heterossexualidade. No entanto, a homossexualidade é claramente uma característica muito real da espécie humana”.
Texto: Yeda Dittert, Talita Laurino e Jéssica Skroch (alunas do 1o ano do EM)